quinta-feira, 7 de abril de 2016

PRIMEIRO ENCONTRO

Ruborizada e surpreendida
ela desfolha-se lenta,
em exposição de tronco nu,
um vegetal no outono,
hirta e fundamental
como intocado fruto
aguardando os meus lábios.

Trêmula, suando
desejo e pudor,
oferta-se em sorriso contido,
úmida e ardorosa,
prestes ao primeiro beijo,
temporal em pleno sol,
surpreendente e definitivo.

Lambemo-nos,
agora já íntimos,
como se de muitos anos
em ritual de entrega,
lascivos e famintos,
fazendo infinito
cada minuto.

Amanhã amanheceremos
em beatificação de realizados,
mais que um casal saciado,
par que se consumiu tanto
que agora fusão imposta,
não mais que um
comungando dois corpos.

Francisco Costa

Rio, 17/02/2016.

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