Sonhei-me no amanhã
e o amanhã era luminoso,
com praças floridas
e crianças brincando nas praças,
livres dos perigos e do medo.
Fauna e flora em cenário mágico,
derramando poesia e sonhos
nas calçadas mornas de verão.
Se mendicância havia
era a do apaixonado,
pedinte implorando
a caridade de olhares
e promessas veladas
da moça distraída,
atenta a outra coisa.
Lábios cerrados,
como cortinas fechadas
nas janelas do coração,
imune ao assédio e ao sol,
o que a moça não sabia
é que não se sonha
o que existe fora,
mas o que nos habita
por dentro, inquilino.
Por isso o sonho da moça
era o pesadelo do moço,
ramalhete na mão
e uma farpa no coração.
É a vida.
Moeda de face única
não é moeda
é enganação.
Fosse sempre correspondido
e o amor não seria amor,
reduzido ao ato da posse,
de maneira trivial,
como em qualquer animal.
Mesmo os corações,
até por instinto
conhecem as leis do mercado:
se muito procurado,
raro, caro, só em prestações.
A vista, só as desilusões.
Francisco Costa
Rio, 13/02/2016.
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