(Poema indignado)
Justo quando me pretendia
Isolado em mim, sozinho,
Mascando-me na memória,
Alternando-me em netos
E namoradas esquecidas
Que resgataria do tempo,
Acordam-me dos projetos
Cultivados por vida inteira
E conclamam ao recomeço.
Eu não me queria revoltado,
Dedilhando o teclado da dor,
Em acordes de raiva morta
Ressurgindo rediviva e fatal,
Apontando caminhos velhos,
Antes percorridos em cólera.
O corpo já não ajuda, miúdo
No seu torpor da velhice,
Ocaso de vontades antigas,
Mas o menino que nele mora
Não sabe, convocando-o
Para novos embates.
Os homens maus voltaram,
Querem apagar a primavera
E reinaugurar o velho silêncio,
Acordando o revolucionário
Para a revolta que há de vir,
Outra vez simples operário
Na luta, dando tiros por aí.
Francisco Costa
Rio, 25/07/2015.
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