sexta-feira, 22 de abril de 2016

Falo-vos do amor,
Esta estranha dádiva
Que sendo dádiva
É também subtração.

Falo-nos do que redime
E encanta, mas dilacera,
Fazendo-nos pedaços
Que não nos pertencem mais.

Falo-vos de realização,
De consciência dos limites,
Da necessidade de ser mais,
Parte do outro, apartado,
Como uma borboleta frustrada
Por não ser uma flor.

Chora a borboleta em frangalhos,
Porque lhe falta açúcar e odor,
Chora a flor por não ser livre,
Estar presa aos galhos.

Por isso sempre juntas, aos beijos,
A flor emprestando açúcar e odor,
A borboleta dando asas à flor.

Francisco Costa

Rio, 01/11/2015.

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