A canção escorre em pétalas,
Pedaços, cacos de saudades
Que se estendem em mim,
Distraída e permanente,
Como chuva na cumeeira.
E então já não sou este,
O que encolhido chora,
E me ilumino ligeiro
No caminho do antigamente,
Entre margaridas e madrigais,
Sorrindo versos nas tardes.
Lavras de instantes,
As canções moram na memória,
Escondidas e discretas,
Até que se anunciam, inesperadas,
Para temperar as lágrimas
Com uma pitada de sorriso.
Sim, eu não sou este.
Sou o que me deixei um dia
Em algum corpo que não sei,
Dando-lhe adeus sem saber
Que me despedia de mim.
Por onde andará, distraída,
A dona do corpo que me carrega?
Francisco Costa
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