quinta-feira, 7 de abril de 2016

EM SAUDADES

(Pra Sonia Costa, in memoriam)

Sempre que o silêncio me invade
e o vazio se faz presente
imagino-a onde não sei,
emancipada dos meus dias,
ocupada com novas tarefas.

Passeio filosofias e religiões,
apego-me a possibilidades,
certo de que ainda existe,
quase concreta e dimensional,
mas longe dos meus sentidos.

Limitado e acanhado,
ainda no cárcere da carne,
apenas espero, distraído,
o carimbo no passaporte
que promoverá o reencontro.

Entre incertas certezas
e o calendário que se repete
mastigo ansiedade e espera,
como se num navio
que se aproxima do porto,
mostrando que todo adeus
mais não é que até breve.

Lá fora chove, mas consola-me
a certeza de saber com certeza
que sobre as nuvens há estrelas,
e que entre elas, uma é você.

Francisco Costa

Rio, 07/01/2016.

Nenhum comentário:

Postar um comentário