quinta-feira, 7 de abril de 2016

OUTRA VEZ

Reverbera em mim
sons inaudíveis,
tétricos silêncios,
em prenúncio posto
na ordenação do normal.

Esticam-se, sonolentas
urgências acordadas,
súbitas e definitivas
como trajetórias de balas,
entre o estampido e o sangue.

Evolo-me em impaciência,
em recônditas necessidades
ainda não estampadas,
em surdina e segredo,
inexatas e temporãs
incomodando no cerne,
no mais íntimo, no âmago
do que se queria pacífico
e adormecido.

Anunciam-se novas lutas,
mais combates e escaramuças
amordaçando sorrisos.

Agora cada intenção
é baioneta calada,
pistola no coldre,
movimentos dissimulados
em atenção concentrada.

Eis que é chegado o tempo
de tudo outra vez.

Entre a minha paz perdida
e o sono interrompido,
conspiro.

O que esperei amanhã
corrompeu o calendário,
voltou a ser ontem,
entre gemidos e impropérios.

Despido do que queria,
vejo velório na festa
que esperei um dia.

Reagir é o que me resta.

Francisco Costa

Rio, 07/04/216.

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