(Pra Rose Scandolara)
Fascinam-me as mentirosas,
Não as que mentem com a boca
Porque serpentes de prontidão,
Prontas a salivares toxinas
Postas nas promessas e palavras.
Mas as mentirosas involuntárias,
As que mentem com todo o corpo
E não se dão conta, apaixonadas.
Chegam mulherões, sensuais,
Fortemente sexuadas, desejáveis,
Com a autoridade de deusas
Sobre todas as coisas criadas,
Soberanas em potência máxima.
Montam acampamento sobre nós
Como militar em terra ocupada,
Cuidando do domínio de tudo,
Sem o menor espaço para reação.
Mas logo vem o ciúme e o medo,
A insegurança, as necessidades,
A carência de colo, de atenção,
Solícitas a carícias e proteção,
Despreocupadas do corpo, e mais:
Esquecidas do que pensaram ser,
Tornando-se meninas inseguras,
Quase crianças disfarçadas.
E aí, justamente aí,
Quando se julgam vulneráveis,
Impotentes para o domínio,
É que me dominam, mentirosas.
Francisco Costa
Rio, 12/07/2015.
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