Como me limitar à imaginação
Se meu corpo clama, reclama
A presença em carne e desejo,
Humores, odores, sons, cores?
Como cultuar o imaginado
E me bastar no que presumo
Se me ebulem os hormônios,
Encachoeirados na ansiedade?
Como amar um foto, estática
Matéria para só pensamentos?
Quero mais, eu preciso de mais,
Do afeito ao toque e à posse.
A mim não basta olhar, pensar,
Sem que o corpo não se apronte
Para o que se pede urgência e já,
Traduzido em sons e movimentos.
Desejos contidos, represados,
São como energéticas usinas,
Trabalhando solitárias sempre
Para gerar o que vai se mostrar
Longe, em luz, som e calor,
Fora do alcance de quem o gerou.
Francisco Costa
Belíssima, poeta ...
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