quinta-feira, 7 de abril de 2016

AINDA ACREDITO

Patético insano de plantão,
eu ainda acredito no homem,
na decifração das incógnitas
que se ostentam, sofridas,
em olhares e peitos.

Sei da ansiedade e do medo,
das obscuras intenções
dos que permeiam o absurdo,
querendo lágrimas e luto
no que nasceu para brilhar.

Eu sei do que me embala
e consola, menino atento,
sem parcimônia e sem destino,
na maré comum dos desajustados.

Sei do lirismo doce encantado
e do combate pesado,
da possibilidade de sangue
e do enfrentamento na dor.

Sei das artimanhas do tempo
e da solidão sob o cobertor,
dos encontro e das despedidas,
das floradas temporãs,
colorindo as manhãs e o espaço.

Sei da liberdade e do laço,
dos fragmentos de quereres
nos mosaicos das frustrações.

Sei do amor e do ódio,
do labor e do ócio,
do banquete e da fome,
do saciado e do que não come.

A mim nada está interdito,
o bom e o mau, o bem e o mal,
a dito e o não dito, o  a ser dito,
porque tudo é normal.

Sou assim,
e ainda que por louco me tomem,
um monumento à esquizofrenia,
não faz mal. Sou só um homem
despido de si para servir à poesia.

Francisco Costa

Macaé, 06/12/2015.

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