sexta-feira, 22 de abril de 2016

Busco em mim o poema perfeito,
Que lacrimeje e sorria, floral,
Definitivo e sem complemento,
Em augúrio de bem aventurança.

Um poema leve, breve,
Mas fundamental,
Mesclado de luxúria e castidade,
Em sacra realização de sonhos.

Que tenha infinitas pretensões
E mórbidos desejos de realizações,
Como um personagem infantil,
Real porque apenas irreal e vivo.

Um poema de chegada e partida,
Como porta, portal, estrada, cais,
Onde todos façam morada e lar,
Ponto de encontro, de chegar.

Um poema mar, de alga e maresia,
Eivado de luz, cores, alegria,
Como bálsamo em ferimentos
Não desejados, que não se queria.

Que sendo redigido, seja oculto,
Só sentido, como fome ou saudade,
Certezas que se realizam na espera
Porque na espera se bastam.

Que em si tenha sensuais curvas,
Inesperados acidentes, gostosos
Vales e reentrâncias, úmido
De suor e sereno, como montanhas
Ou desejados corpos de mulheres.

E em si tudo eclipse, sombreie,
Esconda num manto de magia
Ornada em possibilidades futuras,
Amadurecendo lentas e sempre.

Um poema assim, total e definitivo,
Depositário de inocência e esperança
Terá nome por que em si trará tudo:
Criança.

Francisco Costa

Rio, 22/04/2016.

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