quinta-feira, 7 de abril de 2016

CANSAÇO

Agora quero-me só,
como a ostra e sua concha,
o sol, sombra ao avesso,
escondendo estrelas,
reinando só sobre mim.

Chega de ostentação,
de ser de domínio público,
escancarado e transparente,
como paisagem comum
inundando retinas.

Quero-me agora só meu,
finalmente cativo de mim,
propriedade privada,
nos limites do meu corpo.

Parágrafo último
de um livro já escrito,
aproxima-se o ponto final,
hora de me aposentar,
ou morrer.

Que as traças e o tempo
cuidem do que fui.

Francisco Costa

Rio, 04/11/2015.

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