Somatório do que em mim arde,
mesclo disfarces e fingimentos,
abandonado a mercê do acaso,
como as algas nas marés,
as folhas dançando no vento,
a anônima desafinação no coral,
contabilizando vontades tardias.
Há em mim segredos que não sei,
desistências que não quis,
insistências que não fiz,
deixando-me desarmado e nu,
esse menino velho no espelho,
contemplando-se ao avesso
nas canções que insistiram ficar.
Bicho solitário e quase mudo,
que pouco fala e muito escreve,
trago estranha anatomia:
há em mim um estranho músculo
ligando ouvidos e coração,
fazendo-me amar por música,
morrendo um pouco em cada canção.
Francisco Costa
Rio, 12/02/2016.
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