Absolutamente triste,
Melancólico e encolhido,
Sem espaço para sorrisos,
Inclino-me, envergonhado
Do que em mim não posso.
Havia os pássaros, as cores,
Solares manhãs, mulheres
Alternando-se freqüentes
Entre a brisa praieira
E a algazarra dos meninos,
O fruto mais doce no quintal,
Versos sementes de sonhos.
Agora, taciturno e chato,
Estranho a mim em tédio
Debulho as contas da dor
No rosário do cansaço.
Eu sou aquele no espelho,
No outro lado perdido,
Olhando-me triste,
Pela impossibilidade
De me reencontrar.
Há, entre nós, uma parede,
Vítrea, sólida, absoluta
Apartando-nos dois:
Eu, o que digita;
Ele, o que me espera.
Francisco Costa
Rio, 10/02/2016.
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