Anexo de mim,
Agora habito o teu corpo,
Íntimo e displicente
Como se natural e urgente
Despir-me de mim.
Não sou eu o que te habita,
Mas um órgão a mais,
Latejando ânsias e desejos
Na tua anatomia de curvas,
Onde me encaixo perfeito
E me disfarço teu corpo,
Usina de loucuras.
Que pode um apaixonado
Senão em voluntária amnésia
Esquecer o eu e o meu para,
Definitivamente, ser tu, o teu?
Entre a madrugada e a manhã,
Enquanto os pássaros dormem
E as flores se aquietam fechadas
Inauguramo-nos dia pleno, solar,
Longe do mundo e de todos,
Só nós mesmos e o sereno,
Serenos e doces porque um só,
Comigo agora órgão a mais
Pulsando urgências no teu corpo.
Amar é desprover-se
Para ser o outro.
Francisco Costa
Rio, 11/07/2015.
Nenhum comentário:
Postar um comentário