quinta-feira, 7 de abril de 2016

Anexo de mim,
Agora habito o teu corpo,
Íntimo e displicente
Como se natural e urgente
Despir-me de mim.

Não sou eu o que te habita,
Mas um órgão a mais,
Latejando ânsias e desejos
Na tua anatomia de curvas,
Onde me encaixo perfeito
E me disfarço teu corpo,
Usina de loucuras.

Que pode um apaixonado
Senão em voluntária amnésia
Esquecer o eu e o meu para,
Definitivamente, ser tu, o teu?

Entre a madrugada e a manhã,
Enquanto os pássaros dormem
E as flores se aquietam fechadas
Inauguramo-nos dia pleno, solar,
Longe do mundo e de todos,
Só nós mesmos e o sereno,
Serenos e doces porque um só,
Comigo agora órgão a mais
Pulsando urgências no teu corpo.

Amar é desprover-se
Para ser o outro.

Francisco Costa

Rio, 11/07/2015.

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