Balsâmica miragem,
Ela agora caminha para o mar,
Onduleando as exatas formas
No relevo que em si sobressai.
Musa pretendida,
No recesso do anonimato
Ela ornamenta a manhã de sol,
Iluminada coreografia de gestos
Erguidos da areia, sensuais
Como os seus olhos, doces,
Entre a linha do horizonte e o céu,
Moldura para ela, exata.
Distante dos viventes em torno,
Alheia, absorta, poderosa,
Perfeição encarcerada no biquíni,
Ela sabe dos meus olhos ocupados,
Do meu fremir no encanto,
Do meu debruçar no deslumbramento.
Mas deusas não existem,
Senão como miragens,
E esgotado o meu delírio
Ela dobra a toalha, cobre-se
E principia a andar, onduleante,
Para o nunca mais.
Francisco Costa
Rio, 28/07/2015.
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