Listo-me na página dos vencidos,
dos que lutaram em vão e a toa,
esculpindo derrotas e fracassos.
Meus poemas, mensagens gastas,
ornaram momentos e não mais,
periféricos e dispensáveis, adornos
de palavras pouco utilitárias, vãs,
simples hiatos entre silêncios.
Sonhei cordilheiras, montanhas,
construí montículos de areia,
vi-me navegante em oceanos,
saltei valas, molhei-me na chuva,
parco e limitado, impotente,
travado em meu raio de ação.
Não mudei nada, pouco influi,
iludido e enganado, buscando
a precisão no que é inexato.
Agora, remoído em lembranças,
vejo vazia a minha sala de troféus,
sem comendas e medalhas, inútil
e absolutamente dispensável,
em atestado de inútil existência.
Mas insisto.
Voluntário na permanência,
resisto, incólume ainda,
blindado na perseverança
de saber que um homem,
projeto em construção,
não se cabe só.
Na corrente que liga e ata
o ontem ao amanhã,
embora só um simples elo,
não deixei que se rompesse
e talvez isso seja uma vitória.
Francisco Costa
Rio, 08/04/2016.
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