Então dizes que eu brinco com as
palavras.
Respeito! Não se brinca com o que se
ama.
Palavras são as mulheres que cortejo
por aí,
Sempre atento e observando,
apaixonado.
Como as mulheres, palavras não se
repetem,
Cada qual única, o que fascina e impulsiona,
Fazendo-me volúvel e fácil,
abordando-as,
Em compromisso com todas e com
nenhuma.
Algumas me seduzem pela sonoridade
Posta nos dígrafos e encontros
vocálicos,
Como vozes de fadas em meus ouvidos.
Outras dançam porque ritmadas,
cinéticas,
Em passos de acentuações precisas,
exatas,
Entre hiatos que soam carícias e
canções.
Há as discretas, feitas para
coadjuvantes,
Em ditongos nasais, antecedidos de
emes,
Enes ou til, quietinhas e muito
românticas,
Como meninas que se assustam com o
sexo.
E as desaforadas, as rebeldes,
barraqueiras
Que aparecem no texto para
infernizar,
Poderosas, relativizando todas as
outras,
Reduzidas a espectadoras no
escândalo,
Mulher madura e senhora de si, ávida,
Pura sensualidade, ainda que não
queira,
Exigindo perícia do pobre
escrevinhador.
As odientas, que só se anunciam
rápidas,
Em ânsias de vômitos, as que não me
terão:
Roubo, golpe, corrupção,
exploração...
As que rimam com mentira e covardia,
Nascidas para sujar com asco a
poesia.
Há as sensuais, nascidas para a
luxúria,
E as contidas como freiras e monges,
Excomungando o tesão e o tédio, o cio
Que se oferta vontade que incomoda,
Um cisco no olho, pedrisco no sapato.
Ah! As palavras, essas meninas
lindas,
Ornamentos dos meus versos,
Matéria prima dos pensamentos,
Fugitivas dos dicionários e léxicos
Para se instalarem no meu harém
Onde, dedicado servidor do amor,
Eu as amo, uma a uma, como se única.
Francisco Costa
Rio,06/04/2016.
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