Quando o primeiro galo
começa a debulhar o dia
e o sol ainda dorme,
sonhando lá no oriente,
move-me a curiosidade.
O que me espera adiante,
nas horas seguintes,
mais um poema torto,
como esse, nascido morto,
logo exigindo outro?
Uma bala perdida,
entre o ontem e o nunca,
de tocaia, me esperando;
o discurso exato e preciso,
que guardei em segredo,
para gritar no dia que vem?
A mulher pretendida,
a que sempre esperei
e nunca se anunciou?
O enfarto, o derrame,
a esclerose múltipla,
aposentando-me inútil
e alheio como uma planta?
Ou será só mais um dia,
grão a mais na debulha
do galo que me acorda
em adocicada melodia?
Entre homens e galos
cumpro o meu ofício:
semear idéias e poesia.
Francisco Costa
Rio, 11/08/2015.
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