quinta-feira, 7 de abril de 2016

ATO DE FÉ

(Pátria Futura)

Minha pátria?
É ainda possibilidade,
Projeto em andamento,
Edificação em curso,
Corolário de vontades.

Minha pátria é onde habitarei,
Igual e comum, com todos,
Na realização das vontades,
Do provimento das necessidades,
Onde cada homem mais não seja
Que um homem realizado e feliz,
Contabilizando ganhos,
Sem carências nem excessos.

Minha pátria será partilha,
Alocação de realizações,
Qualquer coisa permanente
E definitiva, assenhoreando-se
Senhora de mim escrevendo
O louvor assassino do protesto.

Minha pátria será onde, adiante,
A justiça crescerá e inundará tudo,
Tornando-se mais que uma palavra,
Um conceito, uma utopia provável
Diluindo-se na realidade.

Na pátria que quero e espero,
Amo por antecipação,
Cada homem será um menino,
Cada menino um homem crescendo,
Cada poeta só um escrivão em ação,
Fixando em letras a felicidade
Posta na ata do permanente.

A pátria que espero será namorada,
A musa pretendida de hoje,
Ao alcance do meu olhar
E da minha imaginação
Mas longe das minhas mãos,
Do meu corpo apaixonado
Fremindo desejo de convivência,
De posse irrevogável e definitiva.

Minha pátria ora é só sonho,
Recheio de quem dorme,
Mas um dia acordarei,
Lúcido e lúdico, lírico,
Para constatar que acordei
Na realidade que sonhei, e

Finalmente aposentado de mim,
Realizado e feliz, me recolherei:
Se não tive a pátria em que vivi,
Terei a pátria em que morrerei.

Francisco Costa

Rio, 15/07/2015. 

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