Chegou a primavera,
para devolver as flores
que o inverno me roubou.
Agora desabrocharão
as rubras rosas baldias
do amor que não encontrei,
as singela margaridas
das vontades abortadas,
precocemente mortas,
entre o desânimo e a dor.
Trocado a cenário do meu palco,
talvez eu consiga encenar
os textos que calei, e beijar,
porque abrem-se em pétalas
os corações mais duros,
derretendo indiferenças
e revogando adeuses.
A primavera tem dessas coisas,
o mote certo e o ritmo exato,
a rima precisa, e as palavras,
botões florais em dormência,
esperando a primavera
para se fazerem som e luz,
inundando os dias
e enfeitando as noites.
Da janela contemplo-a
chegando em pássaros,
nervosa e urgente
como a minha necessidade dela,
verdade primeira,
primavera.
Francisco Costa
Rio, 25/09/2015.
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