quinta-feira, 7 de abril de 2016

O CAMINHO

(aos que lutam por um amanhã melhor)

Venha, dê-me a mão,
vou levá-la por novo caminho,
onde o dia é sempre radioso
e os meninos brincam sem fome,
vestidos de inocência e ambições.

Vou mostrá-la muitas ausências,
e coisas desconhecidas,
estranhas porque inúteis
na desnecessidade do uso.

Mobilizados para a consecução
do impróprio ao desconhecedor,
lá não se articulam adversários
porque todos iguais, o que bebe
e o que altivo serve à sede alheia,
porque do servidor também a sede,
cúmplice na mesma necessidade
única e coletiva, porque lá
ninguém é só, existe e subsiste
como complemento do outro.

Bordejado em flores baldias,
atentas ao viajor que passa,
o caminho é longo e escarpado,
com espinhos, pontas, farpas
ornando os limites humanos,
maiores quando de todos
em ordenado esforço,
empilhando as pedras do amanhã.

E ela, atenta e interessada,
perguntou-me, curiosa:
e este caminho termina aonde?

Esticando a mão, carinhoso,
esperando que ela pegasse,
num sussurro respondi:
não sei, a nós cabe caminhar,
às próximas gerações, chegar.

Francisco Costa

Rio, 18/02/2016.

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