Sonhei uma onda vermelha,
Rútila, sanguínea, imensa,
Espraiando-se, contínua,
Tomando todo o litoral,
Caminhando para o interior,
Célere e constante, ritmada,
Tomando vilas e cidades.
Se tsunami na determinação,
Amaciando o aço e as pedras
Delicada e doce na intenção,
Marola em beijos constantes,
Na boca da moça distraída,
Na testa do menino descalço,
Sujo de querências e medos,
No rosto do homem mais duro,
Inebriando de sorrisos a todos.
Não era uma onda líquida,
Afeita e propícia aos surfistas,
Berço de navegantes aflitos,
Ambicionando portos distantes,
Com namoradas na amurada,
Dessas de cartões postais,
Fotos de viagens, calendários.
Era uma onda humana, viva,
De gente em existência coletiva,
Em partilha do mesmo espaço
E da mesma voz, do mundo,
Do mesmo destino realizado,
Em mim machucando fundo:
Eu não deveria ter acordado!
Francisco Costa
Rio, 23/07/2015.
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