quinta-feira, 7 de abril de 2016

EM ATO DE GRATIDÃO

Bendigo a cada uma que chegou,
Repetição de diferenças
Em desafio à minha superação.
Algumas me chegaram lentas e desconfiadas,
Certas de que momentâneo prazer,
Alimentos da curiosidade insaciável
Impedindo repetições porque conhecidas.
Outras vieram como acordes de violinos,
Ora em falsete, ora em solo sólido, encorpado,
Alçando-se acima da orquestra, absolutas,
Reduzindo tudo o mais a contraponto delas.
Houve as inapreensíveis, misteriosas
Incógnitas exigindo decifração urgente,
Compondo teoremas de luxúria e loucuras,
Para logo quedarem-se mudas e ausentes.
As ornamentadas de si próprias, lindas
Quando despidas das roupas e do pudor,
Inaugurando inesquecíveis imagens,
Com tudo o mais coadjuvando carne.
As tontinhas, desajeitadas e faladeiras,
Naturais e discretas como um camelo
Dormindo no estacionamento do shopping,
Autobiografando-se no primeiro encontro.
As possessivas , armadas em zelo e vigilância,
Contabilizando a minha respiração,
Os batimentos cardíacos, cada piscar de olhos,
A cata de indícios do inexistente, irritando.
Muitas mais eu citaria, se espaço houvesse,
Mas interrompo-me, gratificado,
Paginando o que nunca compreendi
Porque complexo e exatamente perfeito.
Então louvo-as repositários de versos,
Mananciais de palavras, córregos de signos,
Encantadas fontes onde nasceram os meus poemas.
Francisco Costa

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