Não mais me reconheço,
as minha lágrimas turvas
negam-me a identidade,
sou um estranho a mim.
Minha beleza envelheceu,
meu vigor está morto,
serpenteio no escuro,
saudoso do que fui.
No espelho já não sou eu,
e as fotos antigas mostram
o que não voltarei a ser,
pujança de vida e vigor
hidratando e alimentando
o que me cercava
e me expandia,
em dádiva e recolhimento.
Agora só o silêncio,
a ausência dos pássaros,
dos meninos nadando
algazarra de crianças,
das lavadeiras cantadeiras
entoando suas canções
como se fossem preces.
Há em mim agora a solidão,
como se eu morto fosse,
desfeito nesse drama.
Ontem eu era o Rio Doce,
Hoje sou o Rio Lama.
Francisco Costa
Rio, 15/11/2015.
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