Sem violência,
de que viveriam os hipócritas
De plantão,
no rádio e na televisão,
Em cotidiano
exercício de estudada indignação,
Atentos aos
índices de audiência?
Sem sangue,
com que alimentar os programas,
Fazer as
pontes entre os momentos comerciais,
Vampirescamente
alimentando o medo e a raiva,
Preparando o
rebanho para o pasto do estupro
Que se
anuncia nas ruas e na mídia, em tudo?
Como sensacionalizar
sem cadáveres, atrair a si
A atenção,
se não houver uma desgraça pronta,
Pelo menos
um assalto ou saidinha de banco,
Um furto,
qualquer quebra da normalidade?
Mais que epidêmica,
a violência é endêmica,
Opção cultural,
modus vivendi, motor social
Que produz
lucro e cria fortunas, sustenta
Um Estado
paralelo mergulhado na pujança
Alimentada no
self service da indignidade.
Entre tiros
e velórios, soberanos e absolutos
Reinam bandidos
e policiais, milicianos,
Advogados,
juízes, políticos, jornalistas...
Todos iguais
porque com interesses comuns,
Com lugares
determinados e específicos
Na
hierarquia dos crimes, pão nosso,
Transformando
os que os sustentam
Em réus
aguardando a execução.
Francisco
Costa
Rio,
30/11/2014.
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