Faz tanto
tempo
Que já se
pode contar
Fração de
século.
Não havia
rugas no rosto,
Rasgos no
peito,
Rancores
amealhados,
Rituais de
cansaço e sono.
Éramos
meninos enamorados,
Uns dos
outros, da vida,
Do mundo a
nossa disposição,
Escondendo
farpas e fisgas,
Os motivos
para lágrimas,
Os muitos
velórios familiares,
Tudo o que
flagela ou mutila.
Havia o
Vietnã, a ditadura,
O Muro de
Berlin... Mas,
Imunes e
confiantes, em risos,
Dançávamos
agarradinhos,
Na
sonolência da cuba libre
Ou do vinho,
com beijinhos
Rápidos,
inocentes, só ensaios.
Mas o baile
acabou.
Veio a
formatura, o diploma,
Depois
família, filhos, netos,
E agora, no
ocaso de nós,
Nos
reencontramos só amigos,
Não mais. O
tempo diluiu tudo,
Encarcerando
na memória
O melhor de
nós, esquecido lá.
Permita-me
convidá-la para dançar.
Coloquei
Johnny Mathis na vitrola.
Hoje
amanheci aquele menino,
Só quero
dançar, e dançar, dançar...
Em retardado
pilequinho, nascido
Naqueles
copos de vinho.
Rodopiemos
no salão,
Como outrora,
Ainda que
atrasados,
Como na
escola,
Fora da
hora.
Francisco
Costa
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