Preciso
abastecer o estoque de poemas,
Mas
compromissos outros me reclamam,
Tão urgentes
e imprescindíveis quanto,
Desvirtuando-me
das palavras e das ideias,
Fazendo-me
automático robô em ação.
Logo vem um
vizinho ou morador próximo
À cata de
uma ferramenta, uma ave fujona,
Alguma
informação prestes a não ser dada.
Depois um
neto em crise existencial, mudo
Diante do
não da namorada, o telefonema,
O carteiro,
algum vendedor ambulante,
A neta de
menstruação atrasada em socorro
Do avô liberal
buscando soluções e desculpas,
O ronco da
turbina do avião, o motor da moto,
Compromissos
inesperados com o inesperado,
Desconcentrando-me
irritado, mas em sorrisos.
Há que
preparar a palestra, municiar-me
De
atualizações sobre o pisado e reprisado,
Atento às
mesmas perguntas de sempre,
E atender ao
gerente do banco, da banca,
E ficar
atento ao candidato que discursa
E se condoer
com o crime da hora e sentir dor
Justo onde o
médico disse que não doeria
E superdosar
o analgésico e o calmante;
Engolir
sapos, fel e palavrões, que merda,
O dia está
findando e nenhum poema hoje,
O parente
adoeceu e reclama visita urgente,
Fred ontem
fez dois gols, o pesadelo acabou,
Ainda não
redigi os dois ofícios e o memorando,
Há o conto
inacabado e o romance interrompido,
A crônica
política de todo dia, os comentários...
Não demora e
o dia acaba, chega a namorada e...
Não
conseguirei escrever, muito menos pensar,
Com tantas
borboletas e arco íris na madrugada.
Francisco
Costa
Rio,
25/08/2014.
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