quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Acabaram as férias da inspiração,
O recesso imposto, unilateral,
A ausência compulsória e fatal.

Os versos voltaram, jorram de novo,
Escravizando-me os instantes
E a existência, inventariando sonhos
Que redijo, escravo das palavras.

Surpreendentes e inesperados,
Exigem-me agora em vigília, atento,
Pronto para fixá-los, maiores que eu.

Já perdi noites tentando entender,
Buscando os motivos e as fontes,
As razões da diferença estampada,
Fazendo-nos mutilados e parciais
Se não exercendo o ofício da escrita.

Desisti quando percebi contrariado
Que não é questão de escolha, opção,
Mas necessidade orgânica, visceral,
Como a água, os beijos, o pão.

Resistir é assistir ao próprio funeral,
Vê-se morto de tédio e solidão.

Francisco Costa

Rio, 23/08/2014.

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