sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Dádiva divina acordar do teu lado,
Afogado no odor do teu corpo,
Com a serenidade dos justos,
Distante do resto do mundo.

Como, tendo experimentado,
Não lastimar a tua ausência,
Turbulência no que era calma,
Realização de paz, anestésica
Sensação de voo em manhã clara,
Banhado em espaço e luz?

Agora é o vazio, o nada exposto
Nas horas que transcorrem lentas,
Como se no quarto escuro e triste
O tempo estivesse morto, caído
Entre a cama e as cortinas, alheio,
Em sacrifício ao teu corpo ausente.

Volúpia recolhida, meus olhos,
Janelas para o passado, insistem
Em te ver na cama, recolhida
E abandonada, no sono de depois.

Francisco Costa

Rio, 30/11/2014.

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