Eu, o
espalha bosta,
O que nasceu
para a dissidência,
Para
desafinar no coro dos acomodados,
Semeando
dúvidas, procurando respostas.
Eu, o
impróprio à quietude, à placidez
Das águas
mornas e sem ondas, paradas,
Sem riscos,
ridículas em sua monotonia.
Eu, o que só
existe destoando,
Atrapalhando
tudo,
Invertendo a
mão,
Contaminando
o resto.
Eu,
menstruação na lua de mel,
Gargalhada
em velório,
Culto
evangélico no inferno,
Um arroto no
restaurante de luxo.
Eu, o que
atravessa o ritmo e a estrada,
O que chove
no piquenique alheio,
Um orgasmo
precoce no colo da donzela,
Nasci para
incomodar, para acordar marasmos,
Apontar a
nudez do rei, detonar os quietinhos.
Ojerizam-me
as reses apascentadas,
Em formação
no rebanho,
Submissas ao
cajado do pastor,
Votando no
candidato indicado
E fazendo
tudo o que o seu mestre mandar.
Ah, bichinho
de estimação dos donos da gente,
Instrumento
de perpetuação do que aí está,
Levanta! Sai
da catacumba que você construiu,
Cômoda e
aparentemente inexpugnável morada.
Venha
comigo, vamos sacanear o mundo,
Ficar nu na
praça, tirar meleca na esquina,
Mostrar o
pinto para a beata, e rir, rir muito,
De tudo e de
todos os que rirem de nós,
Até você entender
que se é um espalha bosta
É porque o
bosta não é você.
Francisco
Costa
Rio,
24/11/2014.
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