sábado, 29 de novembro de 2014

18:30 h

É agora, quando a penumbra cobre copas
E as árvores se exilam no anonimato,
Levando as cores e os pássaros,
Que me possuo por inteiro, integral,
Em duelo com as lágrimas.

Agora é quando os meus mortos acordam
E me oferecem a infância de volta,
E cada mulher, hiato entre solidões,
Insiste em me lembrar que se foi
Sem levar pelo menos o meu corpo.

Agora, exatamente agora, noturnas,
É que minhas dores acordam bem dispostas,
Em ânimo febril de me habitarem calado,
Mascando-as lenta e pausadamente,
Para mais sorver o sabor.

Seis e meia, hora do meu despertar sozinho,
De corpo baldio e alma devoluta,
Aguardando posse.

Seis e meia, momento triste
Em que os ponteiros fogem do relógio e,
Impiedosos, se cravam em mim,
Cadáver consciente esperando reencarnar
Na manhã seguinte.

Francisco Costa

Rio, 29/11/2014.

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