sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Vítima da surrealidade,
Os meus amores são todos improváveis:
Uma tem marido no patrimônio,
A outra exige que eu atravesse oceanos,
A terceira tem ciúmes de poemas.

Empedernido e resignado solitário,
Namoro-as a todas, em versos,
No farto exercício da imaginação
Que as viola e submete, musas distraídas
Ornamentando a minha existência.

Pudera e eu nadaria, voaria,
Me transmutaria em vento ou nuvem,
Até me tornando invisível e onipresente,
Para distribuir flores, muitas flores,
A todas e a cada uma, indistintamente,
Reservando o meu corpo e meus desejos
Para flor única, desabrochada no segredo,
No degredo onde habita o meu corpo,
Monumento que se expõe para ninguém.

Francisco Costa

Rio, 21/11/2014.

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