Oculto em
mim vozes outras que não digo,
Escondidas,
secretas, de puro anonimato,
Reinando,
soberanas, em mundo particular,
Só meu, sem
nunca ter se dado a conhecer.
É a voz
infantil que se deslumbra, imatura,
Diante de
árvores de natal,
Parques de
diversões,
Lojas de
brinquedos,
Fogueiras
juninas,
Circos,
Reduzida a
sorrisos disfarçados.
A voz
adolescente, ungida de desejos,
Diante do
primeiro corpo feminino,
Repetindo-se
em silêncio, só no olhar,
A cada novo
corpo que chega e fica.
A voz do
jovem tramando guerrilhas,
Impondo
gritos e exigências, passeando
A indignação
pelas avenidas lotadas,
Posta nos
lábios crispados,
Nos punhos
cerrados,
Nos
impropérios.
A voz do
jovem pai amealhando o que comer,
Dividindo
com a prole, administrando
Com a
experiência do novato em desespero,
Cultivando
pobreza e esperança.
A voz do
viúvo que chora em surdina
E presta
culto a uma foto desbotada,
Envelhecida
de tão manuseada.
Vozes
indignadas, apaixonadas, eivadas
Da minha
mais profunda essência,
E que às
vezes me escapam aos pedaços
E se anunciam
em versos,
Transformando
a quase agonia
Em tentativa
de poesia.
Francisco
Costa
Rio,
25/08/2014.
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