sábado, 29 de novembro de 2014

ATO DE FÉ

Perc orro um longo e intricado labirinto,
Feito de caminhos sem fim, becos,
Retornando sempre ao mesmo ponto,
Ao meu início, sem encontrar o fim.

São alamedas, algumas largas, iluminadas,
Margeadas por luz e flores, brisa morna,
Em oposição às escarpadas, sinuosas,
Sem margens por que só de sombras.

Sem ver uma saída, redobro- me força
E sempre começo o recomeço, em ânsia,
Esperança de que termine logo adiante.

Ao meu lado uma voz sem rosto, só voz,
Insistente, quase monótona, repetindo:
Volta e tenta de novo, mais um vez,
Até descobrir que a verdade é isso:

Percorrer-se em cada meandro e trilha,
Descobrindo-se a cada nova passagem,
Até ter todo o caminho percorrido,
Quando nascerás lúcido do lado de fora,

Para experimentar a paz e o conforto,
E se descobrir lúcido e leve, vivo,
Quando todos os que permanecem
Em seus próprios e intricados labirintos
Dirão com certeza que estás morto.

Francisco Costa

Rio, 28/11/2014.

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