(Diante da
estátua de Drummond)
A tarde
espreita a revoada de gaivotas,
Coletivas e
aleatórias, sobre o mar.
O sol se
eclipsa nos prédios, geométricos
E
antinaturais, desfigurando a paisagem.
Um velho
caminha no calçadão, invejoso
Dos meninos
que correm e jogam vôlei
Na areia
ainda morna dos restos da manhã.
Alguém pede
uma cerveja com tira gosto
A florista
deseja a chegada da noite
E dos
enamorados, mãos dadas e olhares
Sobre a lua
displicente espelhada no mar.
Longe, barcos
balançam cascos e mastros
Na
silenciosa dança da maré, entre redes
E cardumes,
na esperança do pescado.
Sentado no
banco Drummond observa,
Silencioso e
metálico, compenetrado,
Sem a
necessidade de dizer qualquer coisa.
Tudo o que
tinha para dizer já foi dito
E escrito,
muito antes de se sentar aqui.
Sua imagem
de bronze na praia é resquício
Da presença
obrigatória em todas as tardes,
Mesmo depois
de ter se mudado, definitivo,
Para uma
paisagem só de palavras que,
Em silêncio,
se ostenta nos livros.
Francisco Costa
Rio,
24/08/2014.
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