sexta-feira, 21 de novembro de 2014

EM ADULTÉRIO

Interdita à minha posse,
Proibida ao meu assédio,
Ela ostenta aliança, séria,
Com pouso em local certo
E não ignorado.

E daí? Seus olhares promessas
Invalidam convenções, normas,
Compromissos juramentados,
Deixando essas possibilidades
Que debulho em pensamento,
Adultério idealizado em versos,
Mas que se pretende verdade.

Como resistir, se me insistem,
Avassalando, desejos mórbidos
Daquela carne, músculos, língua,
Em premeditadas sensações?

Como ceder ao pudor e à moral,
À consciência adormecida,
Dopada, em overdose de desejos,
Se me morro quando a vejo,
Balançante e só, quase diáfana,
Deslizando nas trilhas da tarde?

Como dizer não ao que chegou,
Na esperança de que não chegue,
Como uma visita incômoda na sala,
Uma doença que, embora letal,
Estabelece o bem estar
Que o são jamais conhecerá?

O que é linha reta, correta,
Não demora e criará ângulos,
Tornando-se um ambicionado
Triângulo, onde, epicentro,
Estarei em alegria por fora
E morrendo por dentro.

Francisco Costa

Rio, 20/11/2014..

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