(Going Home)
Como voltar
para casa se,
Cidadã do
mundo,
Perdi-me em
todos os lugares
E agora
tateio no escuro,
Sem berço e
sem raízes,
Ao menos um
porto, um abrigo?
Para onde
olhares, lá estou eu;
A voz que
ouvires é minha voz,
Nem sempre
identificável,
Mas minha,
onipresente e real,
Quase concreta.
Estou em
cada cama,
Orientando
carícias, dizendo coisas,
Velando
sonos, criando sonhos;
Em cada
casebre ou choupana,
Agasalhando
corpos quase nus,
Plantando a
esperança de refeições;
Nos
conventos, orientando orações,
E nos
puteiros, na sagração do prazer.
Acompanho-te,
diuturna, insistente,
Sem te dar a
menor chance de fuga.
Estou nas
festas, sorrindo e dançando,
Nos
palanques, discursando,
Nos
velórios, chorando.
Não há flor
que desabroche em cores
Sem que eu
esteja atenta, apontando,
E salto com
o tigre, corro com a gazela,
Alo-me nas
asas dos pássaros,
Ora solar,
ora noturna, de carona na lua,
Norteando
namorados.
Se não me
vês ou não me ouves,
Desatento e
autossuficiente,
A culpa não
é minha.
Optaste pelo
encolhimento,
Quando
poderia ser orgia.
Não tenho
culpa se deste as costas
A amiga tão
íntima e fiel, a poesia.
Francisco
Costa
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