quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Ela se permite absoluta e total quando,
Despida das roupas e dos pudores,
Se faz oferenda ao instante e ao prazer,
Reduzida a puros instintos e hormônios.

Malversação da realidade encolhida,
Impertinência no que se queria quieto,
Ela se agita em sons e movimentos
Numa orgia de sentidos e sensações.

Toda e só carne em profusa umidade,
Empapa de odores a noite e o mundo,
Solícita a cada carícia, entregue a tudo,
Em comunhão de delírios e gemidos.

Quem a vê assim, loucura em exercício,
Jamais poderá supor que no amanhecer
Se colocará ao avesso, compenetrada
E séria, no caminho de mais um dia

Em que se assumirá senhora
Com uma deliciosa fêmea adormecida.

Francisco Costa

Rio, 30/08/2014.

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