“A mão que
toca um violão
Se for
preciso faz a guerra...”
(Marcos e
Paulo Sergio Valle)
Não me peçam
parcimônia nas críticas,
Comedimento
nas palavras,
Parcialidade
na dor.
Eu vejo
carniça, ossadas, sangue
Jorrando
farto sobre o solo do sertão.
Eu vejo
nódoas e manchas, máculas
Empesteando
o que foi verde e claro
E se
transmutou cinzas e carvão
Esperando o
vento, o tempo,
Com o
passaporte para o nada.
Eu ouço
gemidos, sons de máquinas:
Tratores,
motosserras... E da dinamite
Corroendo as
vísceras da terra a mostra,
Saqueada em
suas riquezas intestinas
Para se
maquiar bastardas fortunas
Nas mesas de
poucos privilegiados.
Eu conheço
essa gente que caminha
Como uma
palmeira, sem sair do lugar,
Sujeita à
chuva e ao sol inclemente,
Vergando-se
heroína para subsistir.
Sou filho
dela, dessa miséria tropical,
Talhada em
carências, parida no sal
Do suor que
desidrata e mata, mói
Esqueletos e
consciências, músculos,
Reduzindo
homens a essa coisa gasta,
Sem
pretensões e sem patrimônio.
Não me peçam
o silêncio da omissão,
A anuência
com a anormalidade,
Que eu diga
tudo bem para a morte.
Há em mim a
comiseração do bom,
A
fragilidade de muitos limites,
Mas também
um sentimento bravo,
Uma sede
imensa de vingança
(não a
gratuita e pessoal, egoísta,
Que se basta
em pequenos gestos
E se realiza
no primeiro ato).
É muita sede
e de muita vingança
Exigindo
ordenação no caos imposto
Como
determinação irremediável,
Sujeitando
homens e coisas a donos.
Já não me
bastam os versos
Nem algum
dinheiro honesto e justo.
Eu quero
mais, eu preciso de mais,
Algo assim
como um mundo de paz
Usufruído
por homens iguais.
Haverá o
dia, tenho certeza,
Em que
aposentarei a minha escrita,
Deixando a
obra no papel inconclusa,
Para
terminá-la em outra situação,
Quando encontrarei,
enfim,
A minha
própria libertação.
Francisco
Costa
Nenhum comentário:
Postar um comentário