domingo, 30 de novembro de 2014

VIOLÊNCIA E FÉ

Privilégio morrer de velho,
Ter biografia completa,
Inaugurar descendentes.

De plantão, a morte espreita,
E chega, insopitável,
Nas mãos das crianças,
Na cintura da polícia,
Na vigilância da milícia,
Vestida de narcotráfico
E corrupção.

Nas ruas das cidades sobrevivemos,
Nos esquivando de tiros, drogas,
Dos políticos de plantão,
Amealhando fortunas com a situação.

Nas igrejas os inocentes pedem
E doam para bandidos outros
Miliciando a fé, dopando
Consciências e determinações,
Contabilizando à conta de Deus
E de demônios o que é cesariano,
Perfeitamente humano.

Como em toda guerra,
Que mata cabo e soldado
E poupa o general,
Nesta só morrem os pobres,
Para reforço do capital.

Cotidianamente abatidas,
Cercadas por coiotes e lobos,
As ovelhas pacientemente esperam
Que Deus lhes construa cercas,
Acreditando que a fé remove montanhas,
Mesmo sem jamais terem visto
Uma montanha removida.

Cínicos e travestidos de santos
Os empresários das cercas colaboram,
Amealhando os dízimos do desespero.

Francisco Costa

Rio, 30/11/2014.

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