quinta-feira, 13 de novembro de 2014

CAMPANHA ELEITORAL

Escravos contemporâneos,
Os operários coabitam senzalas urbanas
E troncos edificados nas proletárias carências.

Os senhores de engenhos migraram,
Deixando os capitães de indústria,
Os generais de Exército, os almirantes,
Os sargentos de polícia e seus cães amestrados
Farejando a miséria e identificando as carências.

Mais que me doerem os cadáveres no mato,
Os gases lacrimogênios, as balas perdidas,
Arde-me de indignação o silêncio dos justos,
O equívoco dos inocentes, os votos inúteis
De mucamos defendendo os sinhozinhos.

Entre capatazes, carrascos e gigolôs
A alienação orbita as consciências
Semeando certezas que não modificarão nada.

Em oposição a si próprios engambelam-se
Com o purgante adocicado com mel,
Esperando o momento de se curvar,
Mais uma vez, à casa grande prometendo
A redenção que os próprios eleitores matarão.

O que seria rota de saída
Poderá ser trilha de retorno.

Travestidos de tucanos os urubus esperam.

Francisco Costa.

Rio, 22/08/2014.

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