quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Quando todos os poemas tiverem se ido,
Alheios à inspiração ausente, e as cores
Se esmaecerem chorosas em cinza ou gris,
Ao poeta só restará o anonimato e a dor,
Alheio a si mesmo, rejuntando saudade.

O tempo pesa e mais pesa insustentável
A memória navegando em canções e rostos,
Em amanheceres que não se repetirão
E anoiteceres que se ensaiam o definitivo,
Sem lua, sem estrelas, sem sons e versos.

Mas por agora ainda não. Compenetrado,
Localizando o fonema exato e a rima certa,
O poeta debulha ainda a precisão de estar
Certo da trilha para o caminho ausente,
Rumo a um dia sem sol e sem luz, sem nada,

Feito só de uma solidão tão grande e má
Que imprópria a qualquer coisa
Que não seja mais que a solidão,
Esta rocha dura que um dia foi algodão.

Mas por enquanto ainda restam as palavras.

Francisco Costa

Rio, 22/08/2014.

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