(A todos os
meus amigos e amigas que estranharam a minha ausência nos grupos de poetas)
Perdão pela
ausência,
Incidental e
necessária,
Curta no
tempo,
Quase eterna
na saudade.
Quixote
contemporâneo,
Alimentado a
sonhos,
Deparei-me
com moinhos,
E só, sem
Rocinante e Sancho,
Sem Dulcineias,
investi,
Corpo, alma
e emoção,
De lança em
punho,
Sacrificando
sorrisos e versos.
Impotente
para controlar a lavra,
Permiti que
semeassem moinhos
Onde eu
queria flores e fartura,
Crianças
correndo, mulheres nuas,
Revoadas de
colibris, felicidade
Constante e
obrigatória,
Manhãs
ensolaradas,
Casais de
mãos entrelaçadas,
Esperando
para segurar o futuro.
Eram (são)
moinhos feios,
Construídos
com lágrimas,
Frustrações,
carências...
Eclipsando a
plenitude do homem,
Órfão por
obra dos semeadores de moinhos.
Último país
a abolir a escravidão,
Último das
Américas, e quase do mundo,
A proclamar
a república e se independer,
A instituir
a democracia e os direitos,
Amante de
ditaduras e fantoches
De potências
estrangeiras, distantes,
Os mesmos
lavradores de moinhos
Nos queriam
em retorno ao antes,
Ao
antigamente de infortúnio e dor.
E me esqueci
capaz de versos,
De amante
dedicado às palavras,
Quase todo e
só coração atento,
Colecionando
momentos.
Obriguei-me,
mais uma vez, à luta
Contra os de
mentes tetraplégicas,
Incapazes de
avançar para dividir,
E os de
corações xiitas, belicosos,
De sentenças
ferinas e definitivas,
Inocentes
dos beijos e orgasmos,
Reduzindo a
vida e seus encantos
A meras
operações contábeis.
Meu Titanic
é de papel,
Impróprio as
grandes vagas
E mar
revolto, mas navega
E navegando
incomoda,
Multiplicando
mil barquinhos de papel
Outros,
atravancando o córrego
E inundando
o que se queria seco,
Desidratado
de sentimentos.
Agora é o
intervalo, o armistício.
As pás dos
moinhos estão paradas,
Sem ventos
que lhes soprem a favor,
Em nova
lavra, até a entressafra,
Quando
trocarei a minha caneta
Por uma
lança de verbos e advérbios
Capazes de
ferir os velhos moinhos,
Sabotando-lhes
os propósitos.
Despido da
espada e da armadura,
Eis-me de
novo íntegro e natural,
Quase nu,
vestido apenas de versos,
De volta ao
convívio de todos os dias,
Quando,
amante inveterado
E contumaz,
retalho-me inteiro
E espalho
pedacinhos por aí.
Francisco
Costa.
Rio,
31/10/2014.
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