Eis que é
chegado o tempo dos homens vazios,
Desprovidos
do que mais não seja que o ganho,
Habitando a
pecuniária materialidade do ter,
Imune aos
sentimentos que não os da posse.
Tempo de
sorrisos inúteis e superficiais, ocos,
Com a
duração exata do que logo será passado,
Porque preso
a modismos, estações, momentos,
Mais
ligeiros que a capacidade de pensar e sentir.
Eis que é
chegado o tempo do automatismo,
Do
repetir-se inconsciente, farejando diferenças
No que não
destoa ou difere, mas se faz outro,
Porque
uniformemente pronto para consumo.
Tempo dos
rituais do comércio,
Dos
cerimoniais das vendas,
Das
celebrações das compras,
Em
sacrifício do homem,
Esse
estranho utensílio provido de bolsos,
Bolsas,
cartões de crédito e contas bancárias
Fazendo-o anexo
e complemento do mercado,
Esse deus
voraz alimentando-se de consciências.
Eis que é
chegado o tempo de homens mortos,
Encarnados
coisas que abastecem prateleiras,
Esquecidos
de si mesmos nos cabides do capital.
Ei-los,
aparentemente felizes, num séquito,
Em orgia,
ambicionando o que jamais terão,
A paz perdida
na última liquidação.
Francisco
Costa
Rio,
27/08/2014.
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