quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Sabe aquela nossa canção,
Abstrato oceano onde navego,
Entre tormentos e calmarias,
Vela em riste, remos a toda,
Certo de sempre porto seguro
Me esperando serena,
Em braços e abraços, língua,
Toda nua, como sempre?

Eu a ouvi hoje, sabe?
Nota a nota, pausas, acidentes
Instaurando a desarmonia do só,
Meu corpo e minha memória
A deriva, rumo aos litorâneos
Abrolhos do desespero,
Sem bússolas, sextantes...
Pelo menos estrelas para guiar.

Sou agora uma coisa à deriva,
Qualquer coisa esquecida,
Talvez um barco sem comando,
Sem carga e sem destino,
Navegando solitário na canção
Que um dia navegamos juntos.

Masoquista em exercício,
Observo o horizonte
E teclo o replay novamente.

Francisco Costa

Rio, 31/10/2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário