quinta-feira, 13 de novembro de 2014

RETORNO

Mutilado, o palhaço volta ao picadeiro.
Ele sabe que sua prótese é a partilha
E o aplauso, o anúncio de alternativa
Para o que mistura tristeza e angústia.

No camarim ele se maquia e se veste,
Peça a peça, tinta a tinta, dor a dor,
Ensaiando sorrisos vazios e piruetas,
Pantominas, cambalhotas e tombos
Escondendo o que incomoda e subtrai.

O mestre de cerimônias o anuncia.
Ele enxuga uma lágrima insistente,
Finge que não manca nem sente dor,
Afasta as cortinas e entra correndo.

O espetáculo recomeçou.

Francisco Costa

Rio, 22/08/2014.

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