quarta-feira, 12 de junho de 2013

ENAMORADO I

De coração mole, enamorado do mundo
Compartilho tudo, em cobrança do quinhão
Que me cabe, ser do mundo, em partilha.

Amo os dias claros que se debruçam em luz,
E em luz faz a sagração da vida escorrendo
Dos seus olhos de menina atenta a tudo.

Amo as noites, ninhos de estrelas e lua
Orbitando o meu imaginário de sonhador
Com os braços esticados para recebê-las.

Amo a fauna porque sonora e de movimentos,
Em atestado de que estou vivo, em processo
De cumplicidade com o que se doa me fascina.

Amo a flora multicolorido tapete de formas
Onde se estende os meus olhos e o mundo,
Esse conspirar de belezas e oportunidades.

Amo a água em sua mutabilidade permanente,
Entre as cascatas e as nuvens, em geleiras,
Porque o mesmo nunca se repete, mutante.

Amo os minerais, sopa sólida de nutrientes
A sustentar o que se pode aos olhos e à alma,
Essa parte apartada e que se insiste presente.

Amo, amo tudo o que me anima e sustenta,
Porque tudo anexo de mim, ser do mundo
Em celebração a ti, cálice em oferenda,

Taça que em si contém parte do mundo
A mostra, em trânsito permanente, constante,
Entre o meu amor e a minha necessidade,
Entre beijos e promessas,  esperas.

Como no poema de Neruda, és abelha amarela,
Obrigatória em cada manhã, para que atento
Eu permaneça em louvação à vida,
Milagre que encontrou existência em ti.

Francisco Costa.

Rio, 12/06/2013.

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