sexta-feira, 28 de junho de 2013

RÉQUIEM PARA MIM MESMO


Quando eu já não estiver aqui,
For só referência dada por filho,
algumas fotos desbotadas,
não mais que lembranças,
espere Cindy Lauper cantar,
e acompanhe True Collors
comigo no atelier, trabalhando.

Que ouvintes esqueçam-me a voz
E se atenham só às canções que,
Entre sorrisos e paqueras, beijões
espalhei por aí, mundo afora.

Se Louis Armstrong colocar a voz
Em seu rádio e chegar ao coração,
Em discreta e indignada pergunta,
What a Wonderful World,
Repare não, estarei no estúdio.

Não deixem o capim tomar conta do jardim,
não gosto de rosas zangadas e dálias sérias.
Cuidem para que continuem felizes, alegres,
Derramando cores e perfumes, chamando
Borboletas e colibris para cópulas e danças.
Cuidem com cuidado, eu estarei ali.

Se quiser sorrir em minha memória,
Atenta aos políticos e imagine palavrões,
Impropérios, pragas nascidas em mim,
Sujando poemas em protesto.

Por fim, se quiseres saber o que eu trazia,
Relê meus versos, volta a meus poemas.
Ali, despido da roupa da carne, eu estava
Como estou agora: absolutamente eu,
Sem predicados e adjetivos, somente eu.

Se perguntarem por mim, diga só
Chegou sem avisar
Partiu sem se despedir.

Francisco Costa

06/05/2013.

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