Noite morta,
madrugada apodrecida.
Bandearam-se
todos os anjos da poesia.
Vasculho os
escaninhos da memória,
Apoio-me em
versos alheios, tudo em vão.
Alheias e
mudas, indiferentes, distantes,
As palavras
dormem nos dicionários,
Imunes às minhas
súplicas de que venham.
Sem redigir
não me sei, não me reconheço,
Como
longínqua planta florindo no deserto,
Sem
espectadores e sem comentários,
Mera
ausência, olhar num espelho sem aço,
Que nada
reflete ou anuncia, deixando só.
Híbrido de
indivíduo e mundo, escorro-me,
Virtual, nos
poemas que escrevo, redação
De mim
disfarçado numa foto do perfil.
Agora só me
sei assim, parasita de anjos
Ditando a
mim o de mim mesmo
Compenetrado,
caminhando pelo teclado.
Meus anjos
fizeram greve.
A noite está
mais leve, como a madrugada.
Mas sem
palavras poetas são flores
Sem pétalas,
odor, cor... Nada.
Francisco
Costa
Rio, 09/06/2013.
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